Uma das igrejas mais imponentes do Brasil guarda séculos de arte sacra, fé popular e a herança de um gesto de gratidão vindo do mar.
No centro da cidade do Rio de Janeiro, entre edifícios modernos e ruas movimentadas, ergue-se com imponência um dos maiores templos católicos do país: a Igreja de Nossa Senhora da Candelária. Com sua cúpula grandiosa, fachada em pedra branca e interior ricamente ornamentado, a Candelária é mais do que um ponto turístico — é um marco cultural, histórico e religioso do Brasil.
Uma promessa em alto-mar
A origem da igreja remonta ao século XVII, quando o casal espanhol Antônio Martins Palma e Leonor Gonçalves, enfrentando uma tempestade durante a travessia do oceano Atlântico, fizeram uma promessa: se chegassem vivos ao Rio de Janeiro, ergueriam uma capela em homenagem à Nossa Senhora da Candelária, padroeira dos navegantes. Cumprida a promessa, uma pequena ermida foi construída em 1609, dando início a uma devoção que atravessaria gerações.
A igreja atual, no entanto, começou a ser construída apenas em 1775, substituindo a capela original. Seu projeto grandioso refletia a importância da fé católica no Brasil colonial e imperial, além do crescimento da cidade como capital do Reino e, posteriormente, do Império.
Um monumento de fé e arte
A construção da Candelária levou mais de um século para ser concluída e envolveu diversos arquitetos e artistas ao longo do tempo. A fachada, imponente e feita de pedra lioz trazida de Portugal, mistura os estilos barroco e neoclássico, com colunas coríntias, nichos com imagens sacras e detalhes em ferro fundido.
A cúpula central, finalizada apenas no final do século XIX, tornou-se símbolo da paisagem urbana carioca, visível de diversos pontos do centro histórico. Seu interior surpreende ainda mais: afrescos, mármores importados, vitrais coloridos e altares ricamente adornados convidam à contemplação e ao silêncio reverente.
Um dos destaques do interior é o teto da nave principal, decorado com afrescos do artista João Zeferino da Costa, discípulo de Pedro Américo. As pinturas retratam cenas bíblicas e episódios da história da própria igreja, combinando elementos da fé cristã com a narrativa da cidade.
Os púlpitos entalhados em madeira, os confessionários ornamentados e o órgão de tubos de fabricação alemã completam o cenário litúrgico majestoso. Já o altar-mor, feito em mármore branco e dourado, é considerado um dos mais belos do país, abrigando a imagem da Virgem com o Menino Jesus nos braços.
Um centro de espiritualidade viva
Além de sua importância histórica e artística, a Candelária segue como espaço de forte devoção popular. Missas diárias, novenas, casamentos, batizados e celebrações especiais fazem parte da programação contínua do templo, que é vinculado à Arquidiocese do Rio de Janeiro.
A igreja também costuma receber concertos de música sacra, festivais de corais e eventos religiosos que mantêm viva sua função original: ser um espaço de fé e cultura acessível a todos. Visitantes do mundo inteiro passam pela Candelária para admirar sua arquitetura, mas também para acender uma vela, fazer um pedido ou simplesmente encontrar paz no silêncio de sua nave central.
A proximidade com outros marcos históricos da cidade, como o CCBB, a Igreja da Antiga Sé, a Praça XV e a Igreja de São José, transforma a Candelária em parada obrigatória para quem deseja mergulhar na história da capital fluminense e no legado da religiosidade católica no Brasil.
Visitação
📍 Endereço: Rua Candelária, s/n – Centro, Rio de Janeiro (próxima à estação Uruguaiana do metrô)
⏰ Horário: Segunda a sexta, das 7h às 17h; sábado e domingo, das 8h às 13h.
🙏 Entrada gratuita; permite visitação turística e oração.
