Cerca de 70% dos casos de câncer de fígado acometem os homens, tendo como principais fatores de risco a obesidade, consumo excessivo de álcool, diabetes, doença hepática gordurosa não alcoólica, cirrose e hepatite

O câncer hepático (do fígado) é o sexto mais comum no mundo, acometendo 866 mil pessoas anualmente, segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC-OMS). Entre os homens, a doença é o quinto câncer mais comum, registrando 600 mil casos anuais, o que representa 69% dos casos. No Brasil, segundo projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são mais de 10.700 casos e mais de 6 mil mortes anuais. Nesta estatística, está o deputado estadual Otoni de Paula Pai (MDB), do Rio de Janeiro, que morreu nesta segunda (27), aos 71 anos, por conta da evolução de um câncer no fígado. A informação foi confirmada nas redes sociais pelo filho, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ).
O tipo mais comum de câncer de fígado é o carcinoma hepatocelular, que responde por 80% dos casos de tumor primário maligno neste órgão. O principal fator de risco para o surgimento da doença é a evolução de um quadro de cirrose. Outros fatores de risco importantes são as infecções pela hepatite B e C, diabetes, tabagismo, doença hepática gordurosa não alcoólica e determinadas doenças hereditárias do fígado, como a doença de Wilson e hemocromatose. Outros tipos de câncer de fígado, menos comuns, são o colangiocarcinoma intra-hepático e o hepatoblastoma.
Para prevenir o câncer de fígado, orienta o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e titular do Hospital de Base, de Brasília, é essencial evitar o consumo de bebidas alcoólicas. “Além disso, recomenda-se manter um peso saudável, por meio de dieta adequada e prática de exercícios físicos”, afirma. Outras medidas importantes são vacinar contra a hepatite B e prevenir a infecção por hepatite C (optar por sexo com proteção, não usar drogas intravenosas e aplicar tatuagens e piercings em lugares seguros).
Sinais e sintomas de câncer no fígado – Na maioria das vezes, os sinais e sintomas de câncer no fígado só aparecem nos estágios mais avançados. Entre eles, pode-se incluir: fadiga constante; perda de peso sem motivação aparente; falta de apetite; sensação de plenitude após refeições leves; náuseas ou vômitos frequentes; aumento do tamanho do fígado e do baço; dor e/ou inchaço abdominal; ascite (acúmulo de líquidos no abdômen); veias abdominais dilatadas e visíveis a olho nu; coceira; febre recorrente; hemorragias; icterícia (pele e olhos amarelados); e agravamento do quadro de hepatite crônica ou cirrose.
60% a 70% de chances de cura – Quando o diagnóstico do câncer de fígado ocorre em estágios iniciais e é possível realizar a cirurgia de câncer de fígado, há um considerável potencial curativo. Estudos mostram que a taxa de sobrevida em cinco anos para pacientes com tumores ressecáveis, em fígados saudáveis (sem cirrose ou outros problemas),é de 35%. Já para pacientes submetidos ao transplante hepático, a taxa de sobrevida em cinco anos fica entre 60% e 70%.
Quando recebe o diagnóstico precoce, o paciente com câncer de fígado costuma receber a indicação de cirurgia. Esses tumores são classificados como potencialmente ressecáveis ou transplantáveis. Dentre as cirurgias está a hepatectomia parcial, técnica pela qual se remove parte do órgão. Ela é indicada para fígados saudáveis (com a função preservada) e tumores pequenos e localizados. Além disso, é preciso que o estado de saúde geral do paciente esteja bom. Como exige o diagnóstico precoce da doença, apenas uma pequena porcentagem dos pacientes com neoplasia hepática pode realizar a cirurgia. Isso porque, é imprescindível que a lesão não tenha invadido os vasos sanguíneos próximos — nesse caso, o risco de recidiva ou de disseminação pós-cirúrgica é alto. Por vezes, a hepatectomia parcial pode ser associada a outras terapêuticas, com o objetivo de potencializar os resultados do tratamento. É o caso, por exemplo, da quimioembolização (injeção local de medicamentos quimioterápicos).
Há também a cirurgia para câncer de fígado potencialmente transplantável. O transplante de fígado (proveniente de doação) é indicado para pacientes com tumores pequenos e localizados, mas com grave comprometimento da função hepática. Outra indicação são quadros em que o tumor não pode ser removido, devido à localização. Muitas vezes, a cirurgia de transplante é associada a outras terapêuticas. É o caso, por exemplo, da ablação, um tratamento que destrói o tumor (com ondas de radiofrequência, calor, congelamento ou injeção percutânea de etanol) sem removê-lo. Outra combinação possível é com a embolização. Essa terapêutica consiste na injeção de substâncias que bloqueiam ou, pelo menos, diminuem o fluxo de sangue para o tumor, bloqueando seu aporte de oxigênio.
Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).

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