Mais um Mercado Popular teve drástica redução de seus quiosques. Desta vez ocorreu em Botafogo, na área do Metrô.

Boa parte do tradicional Mercado Popular de Botafogo não existe mais. Em meados de julho, abandonaram seus boxes os últimos remanescentes do grupo de comerciantes de rua que ficavam colados ao paredão da rua Nelson Mandela, entre a rua Voluntários da Pátria e a rua São Clemente.

O mesmo já havia ocorrido em outros bairros em anos anteriores, seja na redução de barracas móveis ou fixas, como existe em Botafogo, em ações da prefeitura para melhor “urbanizar” os bairros.

Mas nesta última ação, não foi o governo municipal o responsável. Os comerciantes foram obrigados a sair devido a uma obra que ocorrerá no local ao lado, que pertence a uma construtora.

Cada comerciante foi indenizado com valores entre 20 e 25 mil reais pela empresa.
De acordo com alguns deles, a indenização foi paga de maneira correta, entretanto, o valor é considerado muito baixo, tendo em vista as grandes perdas dos trabalhadores.

Há alguns anos, os responsáveis pelos boxes foram obrigados pela prefeitura a fazerem obras para uma padronização do espaço. O custo foi em torno de 10 mil reais, como relatou um comerciante que preferiu não se identificar. Além disso, trata-se de pontos comerciais existentes há anos, o que proporcionou a todos uma grande clientela de residentes no bairro, fora a boa localização, que sempre atrai clientes que trabalham na região e vêm de metrô. Dificilmente os comerciantes conseguirão algo parecido com o valor da indenização.

POLÊMICA

A presença do Mercado Popular no local sempre gerou alguma polêmica. Alguns moradores do bairro eram contrários, alegando que desvalorizava os arredores. Mas a grande maioria era a favor e não é difícil encontrar na rua pessoas com esta opinião. “Vou falar a verdade: acho que quase todo morador já fez uma comprinha ali. Vou sentir falta”, contou a aposentada Carmem Santana, que ainda completou: “Muitas delas (comerciantes) ficaram minhas amigas”.

SEGURANÇA

Após as obras, é quase um consenso que o local ficará seguro e até mais bonito, mas alguns moradores temem pelo abandonado durante as obras, principalmente à noite e nos finais de semana. Os mais antigos contam que aquelas imediações foram muito perigosas no passado, com muitos assaltos.

“Lembro que ao longo da área havia pontos de ônibus desativados, onde os mendigos dormiam e faziam suas necessidades. E os pivetes assaltavam todo mundo”, contou o aposentado Nelson Rocha. Segundo ele, “existe sim o medo do abandono”.

A segurança no local é algo que mudou para melhor depois que o espaço foi ocupado pelos quiosques. Durante o dia os comerciantes ajudavam no movimento da área e à noite pagavam seguranças, para que não houvesse furto nas unidades, o que ajudava também na segurança da rua. Sem falar que nós últimos meses, alguns quiosques especializados em lanches ficavam abertos até altas horas.

TRABALHO CONTINUA

O Mercado Popular de Botafogo ainda possui outros dois grupos, um na rua São Clemente e outro entre a rua Voluntários da Pátria e a rua Professor Álvaro Rodrigues. Estas áreas não sofreram modificações.

Já os comerciantes que foram obrigados a sair do local estão buscando um espaço. Alguns estão tentando junto à prefeitura um local para onde possam se instalar novamente, como ocorre nas famosas feirinhas. Houve um boato de que um terreno pertencente ao governo federal poderia ser usado. Já outros comerciantes disseram que trabalharão com barracas móveis na rua, como contou a conhecida costureira Helena Polonini: “Vou trabalhar assim (barraca de rua) e as roupas eu levo para casa”.  A esperança dela e a de outros trabalhadores é que seus clientes os sigam seja onde eles puderem se instalar.

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