Empresas de bicicletas e patinetes elétricos trazem opções de deslocamento para curta distância.

A cidade do Rio de Janeiro tem o pior sistema de transporte do mundo. Este foi o resultado de um estudo realizado pelo instituto de pesquisa americano Expert Market, que também avaliou outras 73 metrópoles.

Talvez por isso, o serviço de aluguel de bicicletas a preços populares oferecido pelo banco Itaú e a nova sensação da zona sul da cidade, os patinetes elétricos, tenham tido ampla aceitação pela população. Na verdade esta é mais uma etapa de um processo de evolução que não deverá parar por aí.

REVOLUÇÃO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Não é de hoje que a precariedade dos transportes tradicionais e o trânsito cada vez mais estressante têm ocasionado mudanças na forma de locomoção da cidade. Já faz mais de 10 anos que o próprio governo municipal incentiva o uso de bicicletas e para isso foram construídos e adaptados quilômetros de ciclovias. Alguns trechos improvisados sequer podem ser considerados, mas muita coisa evoluiu. Em 2009, o então prefeito Eduardo Paes até chegou a ir para o trabalho de bicicleta, para promover o dia Mundial Sem Carro.

Além desse incentivo, o governo investiu um pouco em transportes de massa, ampliou o Metrô, criou o BRT, VLT e os corredores especiais para ônibus, os chamados BRS.

Outra revolução foi a entrada no Brasil dos aplicativos de transporte de carro, como Uber, Cabify e 99, competindo com os táxis. Depois da concorrência, que até gerou empregos, os próprios táxis melhoraram seu serviço. E agora é a vez das bicicletas alugadas e dos patinetes elétricos.

COMO FUNCIONA A BICICLETA DO ITAÚ?

Pode-se dizer que o serviço de bicicletas do Itaú foi aprovado pela população, pois seu uso é frequente. Nos bairros da zona sul e na região da Grande Tijuca elas são usadas para lazer, para transporte ao trabalho e até para quem trabalha com entregas de comida. Uma grande vantagem é o baixo custo: R$ 5,00 para usar por um dia inteiro, R$ 20,00 para usar por um mês e R$ 160,00 para usar por um ano. Outras vantagens são as excelentes condições das bicicletas, que passam por rigorosa manutenção, e a contribuição para a saúde do usuário, já que pedalar é um ótimo exercício. Para utilizar o serviço, basta baixar o aplicativo Bike Rio no celular e nele cadastrar um cartão de crédito. Deve-se selecionar no aplicativo uma das dezenas de estações de bicicletas onde deseja fazer a retirada, clicar em desbloquear e digitar na estação o código que aparecerá na tela. Outra opção é adquirir um cartão no plano anual. A cada 1 hora a bicicleta deverá ser devolvida em alguma estação e ser travada, para não se pagar uma multa de R$ 5,00 por hora. E caso se queira usar mais tempo, em 15 minutinhos já se pode retirar outra, repetindo o processo.

COMO FUNCIONAM OS PATINETES ELÉTRICOS?

Na cidade existem duas empresas que oferecem o serviço de aluguel popular de patinetes: a brasileira Yellow, dos patinetes amarelos, e a mexicana Grin, dos patinetes verdes. No entanto, elas se fundiram, tornando-se a Grow. Juntas, estão por quase toda a zona sul e, assim como ocorreu com as bicicletas, a tendência é de que avancem para outras regiões da cidade, como a Grande Tijuca. Enquanto a primeira já atuava no Rio, mas apenas em Ipanema e Leblon, a mexicana foi introduzida em praticamente todos os bairros da zona sul após uma parceria com a empresa Rappi, que atua na área de entregas por meio de aplicativo de celular. A fusão provavelmente ocorreu tendo em vista a briga que virá por aí, já que algumas gigantes desse mercado devem entrar no Brasil em breve, como é o caso de uma empresa associada à Uber.

Assim como as bicicletas, é necessário baixar o aplicativo da empresa no celular. Mas, diferentemente das bicicletas, os patinetes não têm estações fixas e o usuário após o uso pode deixar o equipamento em qualquer local dentro da área de atuação da empresa, fotografá-lo e enviar a imagem pelo aplicativo. Se largá-lo fora, pode pagar uma multa de R$ 100,00. Para usar o serviço, o usuário deve localizar onde há algum patinete, através do aplicativo, e, após encontrá-lo, fazer o desbloqueio através da leitura de um QR Code, instalado no patinete.

Por serem elétricos, os patinetes tem a grande vantagem de não precisarem de esforço do usuário. Também são mais velozes do que as bicicletas, alcançando a velocidade de 25 km/h. No entanto, isso pode ser um risco em caso de queda. Algumas desvantagens são o fato da bateria ser limitada, o que pode atrapalhar no caso de uma viagem ou diversão mais demorada do que o comum, e do preço ser bem mais elevado do que o das bicicletas. Tanto os verdes quanto os amarelos têm uma taxa de desbloqueio: R$ 2,25, além do custo de R$ 0,75 por minuto. Não há oferta de planos diários, mensais ou semanais, como as bicicletas. A discrepância de preço com relação às bicicletas do Itaú se dá por que enquanto o objetivo do banco é a valorização de sua imagem e o valor cobrado é para custear parte do serviço, o objetivo da Grow é comercial, ou seja, os alugueis são a sua fonte de receita e lucro.

RECLAMAÇÕES

Mas nem todo mundo ficou satisfeito com as inovações. Nas redes sociais, alguns moradores reclamam que os usuários dos patinetes muitas vezes deixam o equipamento no meio da calçada, o que atrapalha os pedestres, sobretudo deficientes visuais, idosos e deficientes físicos. A falta de um regulamento para o trânsito dos mesmos também gera críticas, como no uso nas calçadas e a velocidade, fora a discussão sobre a necessidade ou não da obrigação de equipamentos de segurança para o usuário. Quanto às bicicletas, alguns mais exigentes discordam da grande visibilidade que o Itaú recebe ao oferecer o serviço. E o que você acha?

COMO É NO EXTERIOR?

No exterior, a ideia do aluguel de bicicletas já é antiga. Como na maioria dos países não há estações como ocorre no Rio, as bicicletas ficam pelas ruas, semelhante ao que acontece com os “nossos” patinetes. Por conta disso, na China,país muito populoso, o serviço já foi até considerado uma epidemia, devido à enorme quantidade de bicicletas nas ruas.

O serviço de aluguel de patinetes também é uma realidade no exterior, há muito tempo. Nos Estados Unidos, as empresas Bird e Lime atuam no setor, e por ser um serviço já encarado como transporte, enfrentam problemas com regulamentação e normas específicas. Na América Latina, o serviço também não é novidade. A mexicana Grin já atua no próprio México, Colômbia, Peru, Chile e Uruguai. A tendência é que o transporte avance cada vez mais no Brasil e que provavelmente outras regiões da cidade já disponham do serviço em breve. A própria Uber já antecipou que entrará nesse mercado de micromobilidade. A revolução está apenas começando.

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