Governador se baseou em dados do Anuário de Segurança que aponta que, entre as 20 cidades mais violentas, só duas — Itaguaí (16ª) e Queimados (17ª) — são do RJ. Castro diz que RJ está ‘longe de ser o lugar mais violento’
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), minimizou nesta terça-feira (3), em entrevista ao programa Estúdio i, a violência no Estado. Ele usou como referência dados do Anuário de Segurança, que traz o ranking das cidades mais violentas do Brasil.
Pelo documento, o estado é líder em tentativa de feminicídios e o segundo em casos de estupro; mortes de policiais; e mortes decorrentes de intervenção policial.
“Primeiro lugar é só olhar o Anuário da Segurança que você vai ver que o Rio de Janeiro é longe de ser o lugar mais violento. Você tem o Ceará e a Bahia. Ds 20 cidades mais violentas só 2 são do RJ. Se eu não me engano, Queimados e Itaguaí, que nem sequer é a capital, que se fala tanto”, disse.
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Castro falou ainda que a capital tem “fama” de violenta e que isso “vende likes, vende notícias”, mas, segundo ele, não existe território dominado pelo crime.
“Infelizmente o Rio de Janeiro passa por uma fama e isso vem de likes, vem de notícias, e isso é extremamente divulgado. Ninguém, estado nenhum, cidade nenhuma, é tão esvicerado em seus problemas como o Rio de Janeiro é.”
“É óbvio que tem problemas, mas eu não tenho dúvida que não é assim”, completou o governador.
O governador citou ainda que a violência na capital está no mesmo patamar de outras cidades turísticas, como Paris, Roma e Nova Iorque.
“É só você fazer o recorte turístico. Pega o ISP [Instituto de Segurança Pública], os dados são públicos, e faça o recorte turístico. Você vai ver que é compat[ivel com cidades como Paris, Roma e NY. Não existe essa questão que o RJ é completamente dominado, mas eu concordo que isso é uma falha nos dados.”
Cláudio Castro
Reprodução/TV Globo
Em setembro, uma reportagem no Fantástico mostrou o treinamento tático de criminosos no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
A investigação da Polícia Civil, que durou dois anos, reúne imagens de bandidos fortemente armados recebendo treinamento em vários momentos do dia, inclusive à noite com simulação de uso de bombas.
Apesar da crise na segurança, o governador disse que a Secretaria de Segurança Pública, extinta em janeiro de 2019 pelo então governador Wilson Witzel em meio a intervenção federal na Segurança Pública, “não faz a menor falta.”
“Tanto é que os números sem ela [Secretaria de Segurança Pública] são muito melhores do que quando ela existia”, disse.
Mil agentes contra a violência no RJ
Cláudio Castro diz que RJ terá mil agentes e 12 blindados contra a onda de violência
O governador disse ainda que as forças de segurança federais aturão em apoio às forças estaduais para conter a violência no RJ. Só no estado, serão mil agentes.
“Ficou decidido que as forças federais trabalharão em apoio às forças estaduais. (…) Só aqui do estado, são mil agentes das polícias, 12 blindados, 50 viaturas, 3 aeronaves, drones com sistema de inteligência artificial e reconhecimento facial e de placas, unidades de demolição da PM para retirada de barricadas e mais 5 ambulâncias, além do Bope, Core à disposição e todas as forças.”
Castro se reuniu nesta terça com o ministro da Justiça, Flávio Dino, para traçar estratégias contra o tráfico da Maré.
Pela manhã, o governador também se reuniu, em Brasília, com o ministro da Fazenda Fernando Haddad para pedir a renegociação da dívida do RJ com a União. Pelo acordo do Regime de Recuperação Fiscal, o Estado do Rio de Janeiro deve mais de R$ 151 bilhões ao Governo Federal.
O estado teve as contas impactadas no segundo semestre de 2022, devido à alteração da alíquota do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis, energia e telecomunicações, por conta de leis federais. Além disso, o valor da dívida que será pago neste ano é de R$ 4,7 bilhões, podendo ser de até R$ 8,6 bilhões em 2024.

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