
Companhias de iluminação pública desenvolvem estratégias para dificultar a ação de ladrões. Série do RJ1 mostra os prejuízos à cidade com tantos furtos. Rota do furto, capítulo 3: iluminação pública
Em um ano, o prejuízo da Rioluz com o roubo de cabos que alimentam a iluminação pública no Rio de Janeiro triplicou. No primeiro semestre de 2022, a conta do furto foi de R$ 1.558.666; este ano, no mesmo período, o gasto foi de R$ 4.732.686.
No 3º capítulo da série “Rota do furto”, o RJ1 pôs rastreadores em luminárias repostas após roubos. Desta vez, nenhum deles tinha se mexido — pelo menos até a última atualização desta reportagem.
O especial, que começou nesta segunda-feira (25), vai mostrar em 4 capítulos como funciona o mercado ilegal que mantém ferros-velhos funcionando à margem da lei — e quase sempre sem parar.
A série Rota do furto
Segunda-feira, 25: equipamentos de sinais de trânsito
Terça-feira, 26: cabos alimentadores dos trens
Quarta-feira, 27: iluminação pública
Quinta-feira, 28: peças de cemitério
Rioluz reinstala luminária após furto
Reprodução/TV Globo
Breu após roubo
A Rioluz diz que muitas vezes a escuridão em várias ruas da cidade é resultado da ação de ladrões.
“É muito triste. A gente vê que isso vem acontecendo em toda a cidade. Eles furtam e a gente coloca, eles furtam e a gente coloca. A gente tem que trabalhar, não pode deixar a cidade às escuras”, disse Eduardo Feital, presidente da Rioluz.
Antônio Carlos Klemps, gerente operacional da Smart Luz, contou que os bandidos usam até caminhões e trabalham com cordas em roubos de luminárias.
“Eles são bem estruturados, agem com comparsas, para retirar a luminária sem causar danos. Agem mais durante a madrugada”, explicou Klemps.
Postes nem sempre impedem os criminosos. Na Estrada Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, luminárias estão a 11 metros do chão. Mas 5 foram levadas de uma só vez recentemente.
Para Márcio Aurélio da Conceição, técnico da Rioluz, esse crime não foi cometido por amadores.
“Eles precisam de uma chave 13, um caminhão e uma escada bem alta para poder tirar. E um alicate para cortar o cabeamento”, disse Márcio.
Feital acrescentou que uma luminária vale quase R$ 1 mil no mercado paralelo.
Furto de luminárias exige equipamento específico e suporte profissional
Reprodução/TV Globo
Aumento também no chão
Há furtos também no chão. Leonardo Bersot, gerente de Subterrâneos da Light, afirma que a maior parte das incidências é na rede subterrânea — também houve aumento de 2022 para 2023 de 53%. “Normalmente eles procuram cabos de cobre e tampas de aço fundido.”
Só este ano, mais de 100 mil clientes da Light ficaram sem energia por causa de furtos — a Tijuca lidera a lista.
A Polícia Civil do RJ acredita que as quadrilhas contam com ajuda profissional.
“A nossa experiência investigativa permite dizer que são quadrilhas especializadas, e no planejamento sempre buscam pessoas que já trabalharam ou que trabalham para ter sucesso na empreitada criminosa”, afirmou Pedro Medina, subsecretário de Planejamento e Integração Operacional.
Para tentar reduzir os furtos, a Light e a Rioluz estão mudando a composição dos cabos: sai o cobre e entra o alumínio, um material com menor valor de venda.
Outra estratégia é trocar o cabeamento aéreo pelo aterrado, embutido por baixo do asfalto. Nos túneis, as luminárias estão sendo colocadas na parte mais alta.
Nova iluminação nos túneis é colocada sempre na parte mais alta
Reprodução/TV Globo
Ronda em ferros-velhos
O RJ1 foi, com uma câmera escondida, a alguns ferros-velhos que funcionam à noite, o que é ilegal.
A equipe de reportagem descobriu que o quilo do fio de cobre descascado vale R$ 30, e o por descascar, R$ 20. Se vier queimado, R$ 25.