Declarações foram desferidas contra Maria Mariá após rainha publicar vídeo durante as eliminatórias dos sambas-enredo Rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá
Divulgação/Nelson Malfacini
A rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá, afirmou ter sido alvo de ofensas racistas nas redes sociais.
As declarações foram desferidas após Maria publicar um vídeo sambando, no sábado (23), durante as eliminatórias dos sambas-enredo para o Carnaval 2024. A disputa aconteceu na última sexta-feira (22), na quadra da escola, em Ramos, Zona Norte do Rio.
As imagens foram compartilhadas nas redes sociais e internautas mencionaram as tranças de Maria. “Incrível como essas minas adoram jogar esses cabelos de boneca velha na cara dos outros”, disse uma.
Rainha de bateria da Imperatriz diz ter sido alvo de ofensas racistas nas redes sociais
Reprodução/Redes sociais
Em dado momento da postagem, é possível ver que Maria samba próximo à integrantes que tocam chocalho. Internautas insinuaram que a rainha de bateria estaria atrapalhando os colegas por conta do movimento de suas tranças.
“Se eu fosse [integrante] do chocalho, eu acenderia um isqueiro na trança dela e ela não ia nem ver de onde veio o fogo”, afirmou outra internauta. “Ou eu puxava essas tranças feias ou ela ia conhecer o som do chocalho”, declarou uma terceira pessoa.
Nas redes sociais, Maria Mariá desabafou sobre o ocorrido.
“Como graduanda em comunicação social, sei bem como o efeito manada na internet funciona. Os algorítmos são falhos e rápidos, alimentam quase sempre o que não deveria (…), mas não se pode esperar muito de algo racista, não é mesmo? Verdadeiramente, não me abala. Niguém agrada todo mundo”, declarou.
A rainha complementou: “Aos misóginos e racistas, (…) eu estou bem! O que me preocupa e entristece é a ideia. O pensamento é muito poderoso, principalmente quando se tem a intenção de ferir o próximo. Espero verdadeiramente que meu posicionamento fortaleça cada um de vocês! O racismo é vertiginoso na nossa sociedade, infelizmente”.
Escolas e personalidades manifestam apoio
Em nota, a Imperatriz Leopoldinense repudiou o ocorrido e afirmou que a escola e a rainha, por meio de seus advogados, “tomarão as medidas cabíveis contra os agressores”.
“O conhecimento e a luta contra qualquer forma de racismo, seja ele individual, estrutural, institucional ou ambiental, são pautas urgentes. Como característica singular, a humanidade nos une através da pluraridade. O Carnaval, por si só, une os povos em festa, amor e empatia. A luta para exorcizar este modo criminoso de agir e pensar é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e democrática”, argumentou a Imperatriz.
A Mocidade Independente de Padre Miguel afirmou: “Nós não vamos sucumbir. a estrela está com você”.
Rainhas de bateria também manifestaram apoio à Maria.
“Ninguém imagina o que nós passamos, os nossos corres. A internet é uma via de mão dupla e ‘terra de ninguém’. Haja paciência! Você é incrível, rainha!”, afirmou Mayara Lima, rainha do Paraíso do Tuiuti.
“Não é fácil, não. Mas você tem uma força extraordinária, não se esqueça disso!”, disse Evelyn Bastos, rainha da Mangueira.