“Todas as viagens são lindas, mesmo as que fizeres nas ruas de teu bairro. O encanto dependerá do teu estado de alma”.

O imortal Ribeiro Couto tinha razão. O carioca não precisa ir longe para conhecer lugares interessantes. Eles podem estar escondidos bem perto de casa, basta se aventurar.

Forte do Leme:

Ofuscado pela fama do Forte de Copacabana, o Forte do Leme é pouco conhecido pelos moradores do Rio. Mal sabem que, bem mais alto que o vizinho, aquele forte possui uma vista surpreendente. O caminho do passeio ecológico de subida é bem sinalizado, por isso as visitas são feitas sem a necessidade de guia, o que permite seguir o próprio ritmo, sem se preocupar com o tempo (funciona aos sábados, domingos e feriados, das 9 às 17hs). Na subida – com visões de ângulos incomuns das praias próximas ao Forte, algumas acessíveis apenas de barco -, esculturas de M. Azevedo retratam a Via Crucis.  O forte foi erguido no século XVIII (1776-1779) sobre as ruínas do antigo Forte do Vigia. Não possui canhões e sim obuseiros, armamentos de trajetória curta destinados a transpor altas barreiras, como os Morros da Urca e do Pão de Açúcar. O elevador de armamentos, as galerias subterrâneas com janelas estratégicas para visualizar o inimigo e o mapa desenhado no chão com a localização dos outros fortes e ilhas próximas ao Leme também devem ser procurados durante o passeio lá em cima. Uma curiosidade: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, serviu ali em 1789, pouco tempo antes de ser preso. A localização do forte na linha de frente do Forte de Copacabana já rendeu um acidente: em 1922, durante a Revolta do Forte de Copacabana, o Forte Duque de Caxias foi atingido por dois tiros oriundos de canhões daquela fortificação. Os ingressos custam R$ 4,00 e podem ser adquiridos em frente, num estande na Praça Almirante Julio de Noronha.

Parque Lage:

Outro recanto imperdível bem no coração da zona sul e pouco visitado é o Parque Lage. Apesar da vantagem de ter entrada franca, muita gente prefere visitar o Jardim Botânico quando pensa em um local para caminhadas em meio à natureza. Pena, pois o Lage, que por sinal é vizinho do famoso Jardim, guarda encantos e história. Na antiga residência do empresário Henrique Lage, presente para a esposa e cantora lírica Gabriela Bezanzoni Lage, hoje funciona a Escola de Artes Visuais, em cujo pátio fica o Café Du Lage, onde aos domingos tem lugar um concorrido café da manhã com música ao vivo. As mesas se espalham pela área próxima à piscina de pedra, que já foi palco de filmes como Macunaíma e da minissérie JK. O ambiente é despojado, repleto de futons, almofadas e mesas baixinhas. Uma caminhada pelo parque ou mesmo um pique-nique também são bem-vindos. O parque faz parte do complexo da Floresta da Tijuca, que conserva o que restou da mata atlântica e alguns segredos: grutas, córregos, trilhas, ruínas e um aquário. A entrada e o estacionamento são gratuitos. Endereço: Rua Jardim Botânico, 414, Jardim Botânico.

Parque da Chacrinha:

O Parque Estadual da Chacrinha, por sua vez, fica em Copacabana, em meio à confusão daquele movimentado bairro. Ali, porém, pode-se ouvir o canto dos pássaros e sentir a tranqüilidade da natureza. Situado ao lado da ladeira do Leme, onde antes era a antiga Chácara do Leme, o parque abriga algumas espécies como o mico-estrela, o gambá, o tatu, o gavião-carijó, a coruja, o anu-branco, o anu-preto e o sanhaço. Do parque saem trilhas que dão acesso ao alto do Morro de São João.

Rio a Pé:

Conhecer um pouco mais da história da cidade também pode ser um programa interessante para moradores. Uma boa opção é participar das caminhadas guiadas, como o Projeto Conheça o Rio a Pé, da Riotur. Engana-se quem acredita que é coisa de turista. Participam do passeio em sua maioria aposentados e moradores, e os lugares passam longe dos tradicionais pontos turísticos.

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