Muito, mas muito mais do que apenas futebol. O bairro sempre teve grande importância geográfica e registros históricos já da época indígena, como seu próprio nome, do idioma tupi.

Quando fala-se em Maracanã, pensa-se logo em futebol. Mas devia-se pensar mesmo em história.

Mais do que isso, muitas pessoas ainda pensam erroneamente que o nome do bairro se deu em função do estádio, o que é justamente o contrário: foi apelidado de Maracanã. Até por que o nome do é Jornalista Mário Filho. Já o nome do bairro se deu em função do Rio Maracanã, mas é melhor sentar, porque lá vem uma boa história…

HISTÓRIA

A área da atual Grande Tijuca, onde está o bairro Maracanã, era nos primórdios da colonização do Brasil um grande território pantanoso. O adensamento populacional do bairro, seu desenvolvimento urbano e seu processo de edificação foram condicionados pelo leito do rio.

Até hoje conserva algumas características urbanas do século XIX, como residências com arquitetura de época e ruas arborizadas. Devido a sua importância, o Rio Maracanã vem sofrendo diversas mudanças com o propósito de melhorias na infraestrutura interna da cidade, tentando desta forma, solucionar alguns problemas oriundos das chuvas. Seu traçado contido por calha tem o objetivo de reduzir os riscos de enchentes em dias de temporais. Devido à sinuosidade do rio, em muitos trechos de seu leito há obras de correção para melhorar a vazão.

A partir da segunda metade do século XIX, a região começa a passar por intensas transformações. A catastrófica expulsão da Ordem dos Jesuítas das colônias de Portugal, incluindo do Brasil, pelo controverso Marquês de Pombal, e a necessidade de se expandir a cidade do Rio de Janeiro para áreas mais afastadas do centro, as fazendas, os sítios e as chácaras deram lugar a belos sítios de moradia, que atraíam uma população de maior poder aquisitivo, tornando esta área de classe média alta.

URBANIZAÇÃO

Mais precisamente a partir da década de 1870, inicia-se um processo de urbanização nesta área, quando, mais precisamente em 1873, o Governo Imperial delegou as freguesias de São Cristóvão, de Inhaúma e Engenho Velho, possibilitando a construção de novas edificações, sempre voltadas para atender a uma população de classe média alta, permitindo um maior desenvolvimento para os bairros ali localizados. É neste período, portanto, que se tem a formação do bairro, que juntamente com Tijuca, Engenho Velho, Andaraí e Vila Isabel, são incorporados à malha urbana da cidade.

ESPORTE ANTES DO FUTEBOL

A Rua São Francisco Xavier, hoje uma das mais importantes do bairro, era apenas um caminho que interligava as diversas chácaras que ali existiam e que faziam parte da então freguesia do Engenho Velho. É importante considerar que o bairro sempre teve uma importância esportiva para a cidade. Foi nessa região que, na metade do século XIX, surgiram as primeiras sociedades turfísticas do Rio de Janeiro. Tradicionalmente, a região das antigas chácaras sempre viveu em torno da área onde hoje é o estádio Mário Filho, o Maracanã. Nesta região funcionava o Derby Clube, a segunda grande associação de turfe fundada no Rio, em 1885, por André Gustavo Paulo de Frontin.

FAVELA

A favela do Esqueleto, caracterizada pela sua horizontalidade, remonta a época do jamais concluído Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil, após o fechamento do Derby Club. Aquela aglomeração posteriormente seria removida devido às políticas de remoção de favelas na cidade do Rio de Janeiro, cedendo espaço a UEG (hoje UERJ). Conforme levantamento realizado, constatou-se que já na década de 40, havia publicações a respeito da remoção dessas formas de habitação na então Capital Federal.

RIO MARACANÃ

O nome Maracanã vem do tupi maraka’nã, que significa papagaio. Provavelmente o rio homônimo recebeu este nome por ter suas cercanias habitadas por uma ou mais espécies destes psitacídeos. Alguns alegam que estas aves nativas habitam o bairro até hoje, mas as que são vistas hoje em dia voando são provenientes do Jardim Zoológico, localizado na Quinta da Boa Vista, assim como as garças que são frequentemente vistas se alimentando no Rio Maracanã.

De 1818 a 1823 foi feito o primeiro plano de captação de suas águas, com a construção de um encanamento provisório até o Campo de Santana (atual Praça da República). A nova canalização foi realizada na década de 50 do século XIX no baixo curso do rio, onde o terreno era um alagadiço. Devido ao elevado grau de urbanização ocorrido na área, gerou problemas antagônicos. Por isso, devido à urbanização relacionada à valorização do solo, foi expandida a canalização em 1950, gerando frequentes inundações. Essas enchentes causadas pela impermeabilização do solo, juntamente com a redução do espaço para o fluxo de água (diminuição na vazão regular do rio), aumentam o volume do rio que acaba transbordando.

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