Muitos dos cartazes levados ao ato e dos gritos de ordem ouvidos ao longo dos quase quatro quilômetros de trajeto faziam menção às denúncias sobre superfaturamento na compra de vacinas e ao crime de prevaricação que teria sido cometido por Bolsonaro.

Por Redação – do Rio de Janeiro

Com a adesão de novos partidos e de mais movimentos populares, cerca de 100 mil manifestantes voltaram às ruas do Rio de Janeiro, neste sábado, segundo calculam os organizadores, para protestar contra o governo federal e pedir o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Este é o terceiro ato em menos de dois meses a ocupar a larga Avenida Presidente Vargas, uma das principais vias do centro da capital fluminense.

Todas as oito pistas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, foram tomadas pelos manifestantes contra Bolsonaro

Muitos dos cartazes levados ao ato e dos gritos de ordem ouvidos ao longo dos quase quatro quilômetros de trajeto faziam menção às denúncias sobre superfaturamento na compra de vacinas e ao crime de prevaricação que teria sido cometido por Bolsonaro ao deixar de determinar uma investigação a partir de um alerta de fraude feito em março.

Em um dos carros de som, a cantora Teresa Cristina cantou o samba “História pra ninar gente grande”, que a escola de samba Mangueira apresentou no Carnaval de 2019 e que faz uma homenagem a personagens da História do Brasil, como a vereadora Marielle Franco (PSOL), executada em março de 2018. A sambista foi acompanhada pelos manifestantes na letra da música e no “Fora Bolsonaro”.

— É uma pena que a geração de 1968, que já viu tanta coisa, esteja novamente passando por tudo isso de novo. E esse presidente sujo, que vem com um papinho de ‘Me chama de corrupto’… Você é corrupto, sim! É muito corrupto! Fora Bolsonaro! — gritou Teresa Cristina.

Gravidade

Também presente na manifestação, o deputado estadual Flávio Serafini (PSOL) disse ao site de notícias Brasil de Fato que este terceiro ato marca uma virada em relação aos anteriores. Segundo o parlamentar, o aprofundamento das investigações e a repercussão da CPI da Covid, no Senado Federal, bem como as primeiras manifestações, mostra que a extrema-direita “está perdendo as ruas”.

— Muitos que dialogaram com Bolsonaro, outros que não dialogaram, mas minimizaram a gravidade do que ele representa, hoje se colocam em marcha para derrotar esse governo. Isso é muito importante, é parte do processo de isolamento da extrema-direita, de isolamento desse núcleo fascista representado por Bolsonaro. Esse ato de hoje marca um novo momento, aqui no Rio, em São Paulo e no Nordeste brasileiro — acrescentou Serafini.

Líder sindical e trabalhador da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), Ary Girota fez uma fala no carro de som contra a reforma administrativa do governo federal e contra a aliança do governador do Rio, Cláudio Castro (PSC), e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, com Bolsonaro para levar adiante as privatizações no país, como ocorreu com a Cedae.

— É fundamental defender a vida, a democracia. O inimigo do povo brasileiro chama-se Jair Bolsonaro e toda camarilha que o acompanha. Luiz Fux deveria se declarar impedido de decidir qualquer coisa relacionada ao Rio de Janeiro. Estava ontem de mãos dadas com Cláudio Castro. Como um ministro como esse autoriza a privatização da água, do acesso à água? Vamos à luta contra a reforma administrativa e toda sorte de opressão — resumiu Girota.

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