Supervia diz que chuvas de abril abalaram a estrutura das pontes do ramal Guapimirim. As cinco estações do ramal estão fechadas e só devem voltar a funcionar em outubro, depois da obra. Ramal Guapimirim de trens está mais uma vez parado
Os trens do ramal Guapimirim da Supervia estão parados há mais de um mês. No ano passado, as composições que realizam esse trajeto ficaram paradas por seis meses. Agora, o problema é estrutural em uma das pontes do percurso.
Os passageiros contam que ficaram sabendo da suspensão do ramal, de repente, quando o trem simplesmente não apareceu na estação.
“Tiveram pessoas que sentaram e o trem não passou. E veio de boca a boca : não vai ter trem”, lembra a professora Sandra Alves Demétrio.
Estações do ramal Guapimirim que estão paralisadas:
Parada Ideal
Jardim Guapimirim
Parada Modelo
Parada Bananal
Guapimirim
Mas agora, quem mora na região depende de ônibus, como o barbeiro Ailton Vieira Júnior.
“Tudo que a gente vai fazer aqui na cidade, em deslocamento de um bairro para o outro, a gente faz no trem. Porque o ônibus não tem horário certo. A passagem é muito mais cara. Era uma utilidade que a população usava”, disse Vieira Júnior.
Nem sempre a aposentada Maria Lúcia da Silva Souza tem o dinheiro da passagem. Ela está tratando duas úlceras na perna. E está há três semanas sem ir ao médico.
“Tenho duas úlceras na perna. Sem o trem está ficando difícil. Nem todo dia tenho dinheiro. Ônibus muito caro. E nem sempre a gente tem R$ 1 para sair quanto mais R$ 3,70. Está prejudicando muito o meu tratamento. Tem três domingos que não faço avaliação da perna”, contou a aposentada.
A comerciante Margarete Cristina dos Santos circula o dia todo de bicicleta, com o neto Gustavo segurando firme na garupa. Uma atividade que nem sempre é fácil.
“Escola, médico, comprar alguma coisa, mercado, tudo era o trem. E hoje tudo é minha bicicletinha. Teve um dia que estava chovendo, não tinha o dinheiro da passagem. Por esses dias, meu filho me levou e voltei a pé da Parada Modelo. Porque a bicicleta também não aguenta ir até Guapimirim”, contou a comerciante.
Sem o trem, o motorista Moisés do Espírito Santo tem visitado pouco a mãe.
“Agora, tenho que me virar de bicicleta ou a pé. Minha mãe mora onde o trem passa. Quase não tenho ido lá porque o trem não está rodando. Se for, tenho de gastar de passagem cerca de R$ 7”, disse o motorista.
Ficar sem o principal transporte da cidade virou rotina em Guapimirim. Em julho do ano passado, o RJ1 mostrou que moradores já enfrentavam a falta de trens. Naquela época, o ramal Guapimirim estava paralisado desde março por causa da pandemia.
A Supervia disse que era uma situação temporária e que dependia da Secretaria Estadual de Transporte para o retorno do serviço. A secretaria rebateu dizendo que a paralisação se devia à baixa demanda de passageiros e prometeu que, ainda em 2020, um projeto de engenharia seria contratado para revitalizar o ramal.
Um mês depois, a Assembleia Legislativa (Alerj) aprovou um decreto legislativo determinando que os trens de Guapimirim voltassem a funcionar no dia 1º de setembro.
Em abril deste ano, a Supervia comunicou que o ramal seria paralisado novamente, por motivo de segurança. A nota diz que após vistorias técnicas realizadas, foi confirmado que uma das pontes existentes ao longo da extensão Guapimirim, não deve ser utilizada para a circulação dos trens. A previsão de retorno é 31 de outubro.
Segundo a Supervia, a ponte que liga a Parada Ideal à Parada Modelo teve de ser interditada depois por causa dos problemas apresentados após as fortes chuvas de abril. A concessionária já contratou a empresa que vai realizar as obras e que os passageiros estão sendo informados por meio dos canais de relacionamento.
A Secretaria Estadual de Transporte disse que a responsabilidade pelas pontes é da Supervia e que os usuários estão sendo atendidos por ônibus municipais e intermunicipais.
Já a agência reguladora Agestransp abriu processo regulatório para apurar as responsabilidades da Supervia. E que a suspensão do ramal e a falta de manutenção podem gerar multas por descumprimento de contrato.

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