O índice de jovens nessa situação cresceu nove pontos percentuais em 2020 – foi de 55% para 64%. O estado só tem menos desocupados do que os estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil – são 831 mil jovens sem ocupação no Rio. O número de jovens que não estudam e nem trabalha no Estado do RJncresceu duas vezes mais do que a média do país desde o início da pandemia.
O índice de jovens nessa situação cresceu nove pontos percentuais em 2020 – foi de 55% para 64%. O estado só tem menos desocupados do que os estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil – são 831 mil jovens sem ocupação.
Leandro Marques é criador do Instituto Angeluz, que trabalha com jovens da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio.
“Os jovens do Rio precisam de oportunidade de geração de emprego dentro dos territórios. Oportunidades até de acesso ao esporte, coisa que aqui na favela não tem. Não temos nenhum equipamento cultural que funcione. Não se encontra oportunidades de trabalho e renda. São poucos empregos, só no âmbito social. E os jovens não têm qualificação para procurar uma vaga no mercado de trabalho”, disse Leandro.
Walace Almeida Lemos, de 18 anos, conta que teve que deixar os estudos para trabalhar e conseguir alguma renda. Ele trabalhou no comércio sem carteira assinada, mas no momento, está desempregado.
“Saí da escola mais por conta do meu trabalho. Eu estava sem nada, o dinheiro não estava entrando nada. Tive que abandonar o colégio infelizmente, é uma opção muito ruim, porque o trabalho virou prioridade na minha vida. E agora estou desempregado”, disse Walace.
O economista da FGV Marcelo Neri afirma que o cenário atual compromete a possibilidade de ascensão desses jovens sem ocupação.
“A juventude é uma fase de ascensão trabalhista. Então o jovem que se encontra numa crise de desemprego como atual na entrada do mercado de trabalho, isso cria uma espécie de teto de vidro na possibilidade de ascensão dele”, disse o economista.
Número de jovens que não estudam e nem trabalham no Rio cresce de 55% para 64% durante a pandemia
RJ2
Educação e ensino remoto
João Vitor da Silva, de 18 anos, é um dos que não têm acesso à educação e nem encontra oportunidades de trabalho.
“Não encontro nenhuma oportunidade aqui onde moro, não tenho acesso a nenhum curso profissionalizante. Eu estou matriculado na escola, mas não estudo porque não tenho telefone”, disse ele.
A evasão escolar no estado caiu em 2020, mas nesse período de ensino remoto, a internet ainda é uma barreira para muitos.
“A internet tem a cara do jovem, é o que ele precisa, é o que permite tornar um pouco mais fácil a vida durante a pandemia. Então quem não tem fica impedido tanto pelo lado do trabalho, quanto pelo estudo. Então é uma oportunidade perdida”, afirmou o economista Marcelo Neri.
Lorran Figueiredo conta que deixou a escola durante a pandemia. Ele diz que não tinha estímulo para continuar estudando.
“No início, eu tive problemas com a conexão. Depois que consegui resolver isso, os meus trabalhos não estavam constando. O fato de as aulas não serem presenciais e ter a aprovação automática também influenciaram na minha saída da escola”, afirmou o estudante.
Victor dos Santos afirma que não consegue absorver o conteúdo das aulas no formato remoto.
“Não estou aprendendo nada. Na maioria das vezes, eu assisto à aula, ganho presença. Só que quando eu tenho dúvida e pergunto ao professor, eles não me dão retorno. Só visualizam a mensagem, mas nem respondem”, disse ele.