Edvaldo Viana foi morto na última terça-feira (18) durante uma abordagem da Polícia Militar na entrada da comunidade da Zona Oeste. PMs disseram que ele estaria armado, mas a arma teria sido furtada. O carona que estava na moto também foi morto na ação. Edvaldo Viana foi morto na última terça-feira (18) durante uma abordagem da Polícia Militar na Cidade de Deus
Paulo Renato Soares
O corpo do mototaxista Edvaldo Viana, de 41 anos, foi enterrado na tarde desta quinta-feira (20), no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Edvaldo foi morto na última terça-feira (18), durante uma abordagem policial em um viaduto que fica no acesso à Linha Amarela e que também serve como entrada para a Cidade de Deus, na Zona Oeste da cidade.
No momento da abordagem, o mototaxista levava um passageiro de carona que também foi morto pelos policiais na ação.
Segundo testemunhas, eles foram baleados depois que Edvaldo fez uma “bandalha” (manobra ilegal). Eles foram abordados pelos PMs e, mesmo parando a moto, Edvaldo e o carona foram baleados.
Logo após as mortes, vídeos associados ao caso foram compartilhados em redes sociais. Em um deles, os PMs são gravados arrastando os corpos dos dois homens. Não havia outras pessoas perto.
Os dois ainda foram levados para o Hospital Cardoso Fontes, na subida da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, mas já chegaram à unidade mortos.
A mulher de Edvaldo disse que ele era inocente. Ela estava na igreja quando soube da morte do marido.
Moradores dizem mataram PMs mataram mototaxista e um homem que estava na garupa durante abordagem na Cidade de Deus
A Corregedoria da Polícia Militar disse que vai investigar o caso. A Delegacia de Homicídios da Capital já está apurando o que ocorreu.
A PM enviou uma nota informando que os policiais envolvidos na ocorrência já foram ouvidos e um fuzil foi apreendido para perícia. Ainda segundo a corporação, os policiais disseram que um dos homens fez um gesto como se fosse sacar uma arma.
PMs alegam que motorista estava armado
Além de alegar que o mototaxista Edvaldo Viana estaria armado, os policiais envolvidos na sua morte também relataram na delegacia que a arma teria sido furtada por “cracudos” – termo pejorativo que se refere a dependentes químicos de crack. Essa seria a explicação para que a arma não fosse apreendida.
Na versão dos policiais, que são lotados no 18º Batalhão (Jacarepaguá), por volta das 18h50 de terça a equipe patrulhava a área quando viu duas pessoas em uma moto saindo de um local conhecido como “13” ou “Tijolinho”.
Na sequência, eles afirmaram que o piloto da moto sacou uma arma com a intenção de atirar nos PMs. Os policiais disseram que revidaram e, depois, foram alvo de disparos de criminosos do Tijolinho. Segundo o relato, os PMs se protegeram e pediram reforços.
Depois que a situação acalmou, os PMs contaram ter encontrado os feridos “cercados de pessoas viciadas em crack (cracudos)”, e que a arma que supostamente estava com Edvaldo foi levada.
O que dizem as polícias
A Polícia Militar determinou que a Corregedoria da PM apure a ação. E disse que os policiais do 18° BPM (Jacarepaguá) foram ouvidos na Delegacia de Homicídios da Capital. Um fuzil da equipe foi recolhido para perícia.
A nota diz ainda que, depois que os dois homens foram baleados pelos policiais, moradores tentaram obstruir as vias em protesto. E que equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) atuaram junto às equipes do 18° BPM para estabilizar a região.
De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), as investigações estão em andamento. Os policiais militares prestaram depoimento e um fuzil foi apreendido e encaminhado para confronto balístico. Diligências seguem para apurar as circunstâncias do caso.

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