De acordo com o Censo Hospitalar Público, havia 699 leitos impedidos em nove hospitais da rede na tarde desta quarta (19). Questionado por vereadores sobre a falta de leitos, o superintendente do Ministério da Saúde no Rio, George Divério, afirma que faltam recursos do governo federal. No RJ, quase 30% dos leitos da rede federal estão fechados
Informações do Censo Hospitalar Público da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio mostraram que, na tarde desta quarta-feira (19), havia 699 leitos impedidos em nove hospitais da rede federal, o que representa 30,44% dos 2.296 leitos dessas unidades.
Eles não podem receber doentes por falta de médicos, enfermeiros e técnicos. Há registro também de outros problemas, como falta de camas e manutenção predial.
Os hospitais da rede federal são administrados com recursos do Ministério da Saúde (MS). Nesta terça (18), o Jornal Nacional mostrou que gestores nomeados pelo ex-ministro Eduardo Pazuello, decidiram investir recursos públicos sem licitação.
Randolfe pede quebra de sigilo de Pazuello por contratações do Ministério da Saúde no RJ
Os contratos foram autorizados pelo superintendente do Ministério da Saúde no Rio, o coronel da reserva George Divério. Anteriormente, ele havia dirigido uma fábrica de explosivos.
Milhões em reformas
Em novembro passado, em um período de dois dias, o coronel autorizou duas contratações sem licitação que somavam mais de R$ 28 milhões. Apenas para a reforma de galpões para guardar arquivos foram destinados quase R$ 9 milhões.
Também há indícios de irregularidades em uma obra com porte maior. George Divério autorizou uma reforma completa na sede do Ministério da Saúde no Rio, novamente sem licitação, por quase R$ 20 milhões.
A pandemia foi usada para considerar a obra urgente, assim como no caso do galpões. O documento tem trechos idênticos ao da outra reforma e previa itens como iluminação automática de led na fachada por R$ 1 milhão e até a reforma do auditório, com 282 poltronas novas, a R$ 2,8 mil cada uma.
Os dois contratos foram anulados pela Advocacia Geral da União, que pediu ainda investigações à própria superintendência e ao Tribunal de Contas da União (TCU).
Superintendente estadual do Ministério da Saúde no Rio autorizou contratos milionários sem licitação para reformas
RJ2
‘Faltam recursos’
Em abril deste ano, o coronel Divério participou de um audiência pública da Assembleia Legislativa (Alerj) e da Câmara de Vereadores do Rio. Os parlamentares cobraram a abertura de leitos pelas três esferas de governo.
Em resposta aos vereadores, o superintendente afirmou que a dificuldade para abertura dos leitos se explica não só pela falta de pessoal, mas por falta de recursos.
“Estamos preocupados e dentro do que o Ministério da Saúde é capaz de fazer, em termos de orçamento, é solicitar ao Ministério da Economia autorização para aumentar o orçamentos dos hospitais e para contratar pessoal”, disse o coronel.
O vereador e presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Paulo Pinheiro (PSOL), afirma que o uso dos recursos para a realização de obras em vez da abertura de leitos é inaceitável.
“O Rio é a cidade no Brasil com o maior número de unidades de saúde do ministério e hoje tem mais de 690 leitos fechados. Na audiência, o superintende disse que tem falta de dinheiro, que tem que pedir para o Paulo Guedes para contratar gente e reformar enfermarias. E em vez disso, ele lamentavelmente faz obras desnecessárias, comprando poltronas. Não é aceitável o que acontece no Rio. Precisamos cobrar de maneira mais dura a abertura desses leitos”, afirmou o vereador.
Nesta quarta-feira, 69 doentes aguardam uma vaga na UTI e 17 em enfermarias.
VÍDEOS: Os mais vistos do Rio nos últimos 7 dias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.