Se a monogamia é nosso estado natural porque é alta a porcentagem de homens e mulheres com relacionamentos extraconjugais? A atração e o desejo além do parceiro é um inegável instinto entre os animais, o que nos inclui, claro. Como humanos, temos o ideal da monogamia e nos esforçamos para atingi-lo. Mas, para algumas pessoas, se relacionar fora do relacionamento é uma opção e chamar isso de traição também. Talvez as mais conservadoras, entendam monogamia e moralidade como palavras sem variações, trazendo culpa aos desejos além das paredes, ainda que não saiam da fantasia.
Se somos seres desejantes, uma pessoa não invalida necessariamente o desejo por outras, mas o que faremos com ele é outra história. Os que escolhem dar ouvidos, se admitirem tal peripécia, pagarão um alto preço pois para muitos, numa relação, a fidelidade é mais importante do que o companheirismo. Quem não ouviu dizer que toleraria tudo menos traição? É o amor romântico falando mais alto.
Desde sempre, a tentativa é que amemos ao próximo. Mas o sucesso não é alcançado facilmente. Olhar o outro cara a cara é deixar a idealização de lado. É ter vontade de esquentar a cadeira e perceber que o outro tem lacunas e saber o que pretende-se fazer com a insatisfação e a frustração. Explicar as razões de tais sentimentos, pra si e pro outro, pode não ser agradável, demanda tempo e paciência. Mais fácil encontrar um novo amor ou ao menos acreditar que se está amando novamente, mesmo que esse seja um sentimento aparente. Enquanto a saída for pular de galho em galho, pode-se não saber a origem de tal angústia ou o que se procura. É somente a partir do momento do encontro consigo, de saber respeitar-se que pode haver um relacionamento com o outro e não com suas carências e/ou expectativas.