CRESCE POPULAÇÃO DE RUA NA ZONA SUL NORTE
Cresce população de rua na zona sul norte. Situação que já vinha aumentando desde 2012 se agravou com a pandemia.

“Tio, pode me dar um trocado?” Nos últimos meses essa frase foi ouvida ainda com mais frequência no bairro do que já vinha sendo ao longo de alguns anos.

As estatísticas demonstram que a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou significativamente depois da quarentena iniciada no mês de março, mas elas nem precisavam informar. O morador da região já percebeu isso há bastante tempo, logo que tudo começou, mas sabe também que esse problema não é de hoje.

As autoridades afirmam que trabalham para amenizar o problema, mas a realidade é que ninguém percebe muita mudança no quadro. “Sinceramente eu até vejo os guardas municipais e aquele pessoal de jaleco da prefeitura nas vans, indo ao encontro dos moradores de rua, mas eles saem e daqui a uns dias estão de volta”, contou o senhor Joaquim Pereira.

PREFEITURA SE DEFENDE

Em entrevista a reportagem de um diário carioca, a secretária municipal de Assistência Social e Direitos Humanos Tia Ju, admitiu o crescimento de pessoas que vivem nas calçadas, mas garantiu que houve uma maior adesão dessas pessoas aos abrigos oferecidos. “A gente percebeu um aumento nessa população de rua, foi visível. Nesse crescimento, vemos uma diferença no perfil dessa população. Percebemos que alguns estão tentando acessar renda. E no fim de semana a configuração territorial muda, o que nos faz perceber que, nesse momento de pandemia, muita gente foi afetada financeiramente. — diz a secretária.

A expectativa das autoridades municipais é a de que com a sequência da atividade econômica da cidade, a população de rua diminua.

NA SUA REGIÃO

Além das pessoas que moram na rua, na zona sul é bastante comum a presença de crianças oriundas das periferias da cidade, que vêm à região para tentar ganhar dinheiro, já que é nessa área que está a maior concentração de renda, na maioria das vezes vendendo balas nas ruas. Algumas ficam descalças, no intuito de sensibilizar ainda mais os moradores, como se fosse necessário. Boa parte das pessoas tenta ajudar de alguma maneira. Mas esses meninos não são moradores das ruas e ao final do dia vão para suas casas, levando a “féria” do dia. Mas além deles, existem também as pessoas em situação de rua, e algumas delas fazem uso de drogas.

Na região da Grande Tijuca é bastante fácil enxergar essa realidade. Alguns pontos são praticamente uma comunidade onde se reúnem essas pessoas. Infelizmente, algumas delas são cracolândias, como é o caso do viaduto que liga a Mangueira à Avenida Radial Oeste, onde uma das faixas fica tomada por essas pessoas. Em Vila Isabel, sobretudo em horários de pouco movimento, a Boulevard 28 de Setembro fica praticamente deserta, à exceção a população de rua que muitas vezes fica perambulando pela calçada, aparentemente sem rumo. Boa parte dessas pessoas é oriunda das favelas.

MEDO DE ASSALTOS

Além da questão social, o medo de possíveis assaltos e pequenos furtos passa conviver com os moradores dos bairros em questão, principalmente para aquela parcela da população mais frágil fisicamente, como crianças e idosos. E esse receio tem fundamento, sobretudo quando falamos de pessoas que consomem algum tipo de entorpecente.

ESTATÍSTICA

De acordo com pesquisas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a população em situação de rua cresceu 140% a partir de 2012, e chegou a quase 222 mil brasileiros em março deste ano. Mesmo sem estatística formal após essa data, sabe-se que houve aumento com a crise econômica acentuada pela pandemia da Covid-19. Entre as pessoas sem moradia estão desempregados e trabalhadores informais, como guardadores de carros e vendedores ambulantes. A situação exige atuação mais intensa do poder público.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.