O pesquisador e médico epidemiologista Claudio Struchiner, da FGV EMAp, avisa que a recusa à vacinação, no Brasil e em vários outros países, abre caminho para epidemias e pandemias, como a do sarampo. Segundo o pesquisador, esse fenômeno cresce no país devido a argumentações religiosas e a uma onda de fakenews, classificada pelo especialista como “epidemia de desinformação”. Entretanto, outros fatores além da desinformação também mostram-se relacionados à recusa à vacinação.
“Um contingente populacional tem se recusado a se vacinar porque acredita que isso pode causar algum mal. No entanto, mesmo em imunizações onde o cidadão recebe o vírus vivo atenuado, o risco de ocorrer doenças é raríssimo. Neste caso, só pessoas com doenças autoimunes e aquelas que apresentam alergias aos componentes da vacina não devem receber a vacinação”, explica Claudio Struchiner.
O especialista ressalta que um número significativo de doenças pode ser controlado por meio de vacinas. Segundo Struchiner, o caso mais emblemático é o da gripe Influenza. “A multiplicação viral na ausência da vacinação possibilita mutações e alterações do vírus. Esta condição aumenta as chances de que surjam novas manifestações da doença, incluindo suas formas mais graves”, esclarece o pesquisador e médico epidemiologista da FGV EMAp.
Claudio Struchiner observa que uma característica do vírus influenza é a sua alta taxa de mutação. De acordo com o especialista, a cada ciclo/nova estação do ano o vírus se modifica em relação às anteriores. “Por esse motivo, antes de cada estação, coletamos os vírus circulantes, os identificamos e usamos as informações detectadas para a fabricação da vacina”, assegura Struchiner. O médico epidemiologista, no entanto, reconhece que não é possível conseguir a cobertura completa contra todos os variantes virais. “A vacina tem em sua constituição os variantes mais frequentes. No entanto, ainda existe um limite para o número total de variantes na composição vacinal, limitação esta que tem diminuído com o tempo “, observa Struchiner.