Se tem dúvidas sobre esse projeto que vai mexer com a vida da nação, essa matéria é para você.

Ela é a celebridade do momento. Basta uma expectativa de que ela está chegando e até o dólar cai. Se houver desconfiança de que ela não vem mais, o dólar sobe. A reforma da previdência vai mudar o Brasil, se ela realmente for aprovada. Para muitos, isso é positivo, para a oposição, nem tanto. Mas a grande maioria dos especialistas econômicos garante que ela é extremamente necessária.

OS PROBLEMAS ATUAIS

Para eles, dois são os grandes problemas do sistema de seguridade social do Brasil. O primeiro é que o sistema está baseado numa espécie de pirâmide, onde as contribuições dos trabalhadores atuais pagam os rendimentos dos aposentados, sendo que um aposentado precisa em média da contribuição de cinco trabalhadores. Percebe-se que por si só, já é um sistema em que em determinado momento não conseguirá se pagar sozinho, ainda mais agora, com a mudança na idade da população, onde as pessoas têm menos filhos e por isso começa a ter mais idosos, e consequentemente mais aposentados, do que a quantidade necessária de trabalhadores contribuindo. Se nada mudar, o colapso estaria previsto para 2022.

O outro grave problema é a péssima estrutura do sistema devido aos privilégios. Políticos, por exemplo, recebem muito dinheiro com pouca contribuição, juízes e outras categorias conseguem se aposentar com 42 anos, pensionistas de militares recebem pensão sem nunca ter havido nenhuma contribuição. Tudo isso tende a ser modificado.

PRINCIPAIS MUDANÇAS

Dentre tantas alterações no sistema de previdência, três são as que mais chamam a atenção. A primeira é o fim da aposentadoria por tempo de contribuição, a segunda é a mudança do sistema em que os mais novos pagam a aposentadoria dos mais velhos e por último a transição de parlamentares para o mesmo regime do restante da sociedade, seguindo novas regras e reduzindo os privilégios que arrombam os cofres públicos.

Sobre a extinção da aposentadoria por tempo de contribuição, especialistas garantem que é importante. De acordo com a revista Money Times, além do Brasil, isso só existe em outros 12 país no mundo, todos subdesenvolvidos e com sérios problemas estruturais. E realmente não faz sentido a sua existência. A previdência é um seguro, só que contra a velhice ou acidentes, para quando você não tiver condições de trabalhar. Se você não está velho e pode trabalhar, não tem sentido receber esse seguro, certo? É como um seguro de carro contra roubo. Se você não for roubado, faz sentido a seguradora lhe pagar?

Para substituir aquele modelo onde 5 trabalhadores pagam a aposentadoria de 1 aposentado, a tendência é que cada um agora contribua para a sua própria aposentadoria, “poupando” todo mês,  como já ocorre nas previdências privadas, onde o montante guardado é acrescido de juros. É como se os rendimentos mensais fossem a aposentadoria do contribuinte. Mas isso está em análise.

Há outras alterações significativas. As idades mínimas para se aposentar serão de 62 e 65 anos, respectivamente, para mulher e homem, o que só deve começar a acontecer em 2033. Já o trabalhador rural terá que pagar determinado valor para poder se aposentar. Antes, recebia mesmo sem contribuição. Militares federais continuam sem a obrigação de contribuir, mas agora terão que o fazer  para deixar pensão para seus dependentes, reduzindo o rombo. E, finalmente, idosos com mais de 60 anos e pessoas com deficiência que não contribuíam, mas que tenham condições de miserabilidade, receberão ajuda de custo do governo.

ECONOMIA

Estima-se que, com essas mudanças, em 10 anos o país economize 1 trilhão de reais. O objetivo é que haja mais dinheiro para o que realmente fará o Brasil crescer.

Hoje, o país gasta mais dinheiro público, ou seja, dinheiro dos impostos da população, com a previdência do que com segurança, saúde, educação e mobilidade urbana, tudo junto, pois a arrecadação da previdência não paga seus custos. A expectativa é de que, com a reforma, isso finalmente vá mudar. Na Europa, onde o envelhecimento da população ocorreu bem antes, já havia ocorrido mudanças semelhantes. Agora, com o envelhecimento da nossa população, parece que não tem jeito, chegou a vez do Brasil mexer no seu sistema previdenciário de alguma forma.

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