Estrelada por Silvia Pfeifer, Raquel Penner e Karen Coelho, peça discute temas como racismo, homofobia e bullying, entre mãe, filha e avó

Escrita por Fernando Duarte, mesmo autor de Callas e Depois do Amor, ambas dirigidas pela saudosa Marília Pêra, montagem tem direção artística de Fernando Philbert, que esteve à frente dos espetáculos O topo da montanha e O escândalo de FelippeDussack, cumpre temporada, na sala 2, de sexta a sábado, 21h e aos domingos, 20h, até o dia 30 de setembro.


O espetáculo traz temas atuais como família, amizades, classes sociais, racismo, homofobia e bullying, discutidos entre mãe, filha e avó (três gerações de mulheres, com visões diferentes de suas vivências particulares, para problemas semelhantes). De maneira emocional, o espetáculo aborda as angústias e alegrias do universo feminino.


As personagens são mulheres comuns, dessas que encontramos nas esquinas da vida, e por isso são tão fascinantes: Delfina (Silvia Pfeifer) é uma mulher que sempre teve a cabeça livre de preconceitos. Uma mulher agitada e independente, que possui uma rotina dinâmica e cheia de afazeres – alguns mais típicos outros mais peculiares. Uma avó moderna e articulada. Ela se identifica com os marginalizados e, desde jovem, luta pelos direitos das minorias.


Violeta (Raquel Penner) é uma mulher elegante, divertida e ardilosa. Seu lema de vida é: “Mantenha as aparências e impressione sempre”. Vive um casamento de fachada que lhe proporciona uma vida confortável. Foi sugada pelo mundo do marido e possui uma maneira prática e decidida, às vezes, cínica de resolver os problemas e não raro é ela quem vai sobrepor Delfina e Sofia em termos de sensatez e amadurecimento.


Sofia (Karen Coelho) tem uma relação conflituosa com os pais, e encontra na avó o apoio não encontrado na relação com a mãe. Seu olhar para o mundo feminino instalado à sua volta é aguçado e provocador. Ela vive às turras com a mãe, mas o novo cotidiano intensifica seus laços com a avó.


Para o autor, Fernando Duarte, ao mostrar essa complicada relação entre mãe, filha e avó, o espetáculo consegue expor, de maneira emocional, as agruras e alegrias do universo feminino. Não interessa que você, mulher, não tenha muitas amigas, nem more em uma grande metrópole, mas você já deu boas gargalhadas com as amigas falando sobre assuntos corriqueiros, sobre sua vida sexual, já se sentiu insegura em um relacionamento, já falou sobre o tamanho dos membros masculinos, já contou suas experiências sexuais, já tentou viver novas experiências, já sonhou com um príncipe encantado, já gastou mais do que podia em um sapato ou um vestido dos sonhos.


Não é fácil para nenhuma das protagonistas, mas a peça apresenta soluções interessantes que poderiam ser aplicadas no dia a dia de qualquer um. Conclui.

Sobre o texto


Em 2015, estive em Brasília com o espetáculo Callas, outro texto de minha autoria, onde reencontrei uma antiga colega de escola. Ela me contou sobre a complicada relação com a mãe. Com dezessete anos, foi expulsa de casa por conta da orientação sexual. A mãe, muito religiosa, cortou relações com a filha. Foram oito anos assim, elas só voltaram a se falar quando a mãe ficou gravemente doente, acabou falecendo em decorrência de um câncer.


Resolvi escrever sobre a fragilidade das relações humanas, as relações familiares, e também, sobre esses preconceitos que andam assombrando a vida de tanta gente. Conversei com muitas mães, muitas filhas, avós, muitas histórias e, dois anos depois, temos aqui um texto que fala sobre amor, desamor, preconceitos. Uma peça para refletir.


Foram vinte entrevistas, com mulheres de diferentes classes sociais. Toca-me profundamente a luta das mulheres tentando se firmar em um mundo ainda regido pelo machismo, a luta para tentar proteger seus filhos. A cobrança que elas sofrem todos os dias. Na peça, são três protagonistas com personalidades diferentes, mas, com muito em comum. As três têm suas razões e expõem suas opiniões. Como estão em casa, em família, elas tiram as máscaras e falam o que sentem sem rodeios.


É um olhar masculino sobre o universo feminino. Lembro-me de alguns relatos marcantes de algumas mães e filhas.


Muitas mães ficam perdidas quando não conseguem controlar suas filhas e, então, apelam, falando dos sacrifícios que fizeram por elas a vida toda. A filha se culpa e a relação vira um misto de amor e ódio. Lembro também das expectativas não correspondidas. Mãe ansiosa e perfeccionista gerando filha igualmente ansiosa e perfeccionista. A filha não consegue aceitar os próprios erros e não aprende a lidar com frustrações. Fernando Duarte – autor.

Serviço
Além do que os nossos olhos registram
Estreia: 1º de setembro – Sábado – 21h
Temporada: Até 30 de setembro
Horários: Sextas e Sábados, 21h e Domingo, às 20h – Sala 2
Local: Teatro Fashion Mall – Telefone – (21) 2422-9800
Endereço: Estr. da Gávea, 899 – São Conrado
Capacidade: 200 Lugares
Classificação: 14 anos
Gênero: Comédia
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$ 70,00 (inteira) R$ 35,00 (meia entrada)

Ficha Técnica
Texto: Fernando Duarte
Direção: Fernando Philbert
Elenco: Silvia Pfeifer, Raquel Penner e Karen Coelho
Assistente de direção: Rodrigo França
Iluminação: Vilmar Olos
Cenário: Natália Lana
Visagismo: Walter Lobato
Fotos: 
Coordenador de projeto: Fernando Duarte
Dir. de produção: Fabricio Chianello
Realização: Ymbu Entretenimento LTDA
Assessoria de Imprensa: Carlos Gilberto

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